Não foi uma derrota traumática, mas foi uma derrota que encerrou ilusões e deu pragmatismo à temporada. O desaire na Catalunha contra o Benfica, que significou também a eliminação da Liga dos Campeões, deixou os encarnados totalmente dedicados ao Campeonato e à Taça de Portugal — e abriu a porta a uma reta final de época que terá naturalmente um duelo titânico contra o Sporting na corrida pela conquista dos dois troféus.
Este domingo, tal como acontecerá em praticamente todos os fins de semana a partir de agora, o Benfica vivia um dia capital na busca pelos dois objetivos. A deslocação a Vila do Conde para defrontar o Rio Ave, já depois de o Sporting vencer o Famalicão em Alvalade, surgia numa jornada em que os encarnados estavam naturalmente obrigados a ganhar para se manterem a uns teóricos três pontos da liderança dos leões, já que ainda têm um jogo por cumprir.
Rio Ave-Benfica, 2-3
16.ª jornada da Primeira Liga
Estádio dos Arcos, em Vila do Conde
Árbitro: João Gonçalves (AF Porto)
Rio Ave: Miszta, Vrousai (Karem Zoabi, 88′), Andreas Ndoj, Jonathan Panzo, Omar Richards, Olinho (Theofanis Bakoulas, 73′), Brandon Aguilera, Demir Tiknaz (João Graça, 73′), André Luiz (Tiago Morais, 58′), Clayton, Kiko Bondoso (João Tomé, 88′)
Suplentes não utilizados: Matheus Teixeira, Vítor Gomes, João Novais, Konstantinos Kostoulas
Treinador: Petit
Benfica: Trubin, Tomás Araújo (Leandro Barreiro, 45′), Otamendi, António Silva, Álvaro Carreras, Florentino, Fredrik Aursnes, Amdouni (Aktürkoğlu,74′), Kökçü (Renato Sanches, 74′), Bruma (Samuel Dahl, 88′), Pavlidis (Belotti, 74′)
Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Arthur Cabral, Schjelderup, Leandro Santos
Treinador: Bruno Lage
Golos: Kökçü (30′), Pavlidis (gp, 53′), Brandon Aguilera (64′), Clayton (75′), Aktürkoğlu (80′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Clayton (58′ e 90+4′), a Florentino (62′), a Demir Tiknaz (68′); cartão vermelho por acumulação a Clayton (90+4′)
Vencer, portanto, era crucial. Bruno Lage teve uma semana complicada, ficando arredado da conferência de imprensa de antevisão da partida devido a uma virose, e acabou por ser Petit a detalhar as vicissitudes de um jogo importante para as duas equipas. “São duas equipas que vêm feridas dos últimos jogos, com o Benfica a perder em Barcelona, para a Liga dos Campeões, e nós com o desaire no Campeonato, frente ao Famalicão. Vamos defrontar um candidato ao título, mas temos de mostrar que somos forte em nossa casa. Não acredito no cansaço do Benfica. Tem um plantel com muita qualidade e está habituado a jogar de três em três dias”, explicou o treinador vilacondense.
Assim, neste contexto e já depois de garantir que iria conseguir estar no banco de suplentes em Vila do Conde, Bruno Lage lançava Amdouni e Bruma no ataque e no apoio a Pavlidis, deixando Schjelderup e Aktürkoğlu no banco de suplentes. Do outro lado, num Rio Ave que vinha de apenas uma vitória nos últimos cinco jogos, Petit tinha Clayton como referência ofensiva, com Kiko Bondoso e André Luiz a surgirem mais abertos nas alas.
⏱️ 28’ | Rio Ave 0 – 0 Benfica
◉ Há muito que o Antunes não via um acampamento deste nível#RAFCSLB #LigaPortugal pic.twitter.com/CeyI5P911W
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Numa primeira parte em que dominou por completo e não permitiu praticamente nada ao Rio Ave, o Benfica poderia ter marcado logo nos instantes iniciais, com António Silva a desviar de calcanhar para Miszta defender (5′) e Pavlidis a cabecear por cima depois de um cruzamento de Aursnes na direita (6′). Os encarnados aplicavam uma pressão alta muito intensa e eficaz, com uma reação à perda da bola muito veloz, e estiveram quase sempre totalmente inseridos no meio-campo contrário.
As oportunidades acumulavam-se, sem que o Benfica precisasse de acelerar muito, e tanto Tomás Araújo (9′) como Pavlidis (10′) estiveram muito perto de inaugurar o marcador, sendo que Amdouni teve mesmo a ocasião mais flagrante ao rematar ligeiramente ao lado já dentro da grande área (19′). O Rio Ave teve o único esboço de reação nesta fase, com Clayton a atirar por cima depois de uma transição rápida (20′), mas a equipa de Petit não tinha capacidade de ter bola e nem parecia interessada em pressionar o adversário na primeira fase de construção.
10.º ⚽ golo de Kokçu esta época, o 6.º no campeonato
⚠Kokçu marca pelo 3.º jogo consecutivo na Liga ???????? pic.twitter.com/fNHDQ2jTZ1
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À passagem da meia-hora, porém, o expectável golo acabou mesmo por aparecer. Kökçü recebeu ainda longe de grande área, descaiu ligeiramente para a esquerda e atirou em jeito, sem qualquer hipótese para Miszta (30′). O Benfica chegava finalmente à vantagem, com um lance bem mais direto do que as jogadas associativas e coletivas que estava a criar até aí, e nem o golo sofrido levou o Rio Ave a mudar de atitude ou abordagem.
Até ao fim da primeira parte, Pavlidis ainda voltou a ficar muito perto de marcar, ao desviar ao lado depois de um enorme lance individual de Amdouni na esquerda (43′), mas já nada mudou. Ao intervalo, o Benfica estava a vencer o Rio Ave em Vila do Conde pela margem mínima — num resultado que até se tornava curto, tendo em conta a enorme superioridade demonstrada pelos encarnados.
⏱️ INTERVALO | Rio Ave 0 – 1 Benfica
◉ Águia na frente graças a um domínio amplo e a um grande golo de Kökçü ????????
◉ Lisboetas já com 2,4 xG#RAFCSLB #LigaPortugal pic.twitter.com/1hzBPSj8uI
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Bruno Lage mexeu logo ao intervalo e trocou Tomás Araújo, aparentemente por motivos físicos, por Leandro Barreiro, com Aursnes a recuar para ser adaptado a lateral-direito. A lógica do jogo transportou-se por inteiro da primeira para a segunda parte e o Benfica não demorou dez minutos a aumentar a vantagem, com Pavlidis a concretizar uma grande penalidade que ele próprio tinha sofrido (53′).
Petit mexeu pela primeira vez já perto da hora de jogo, trocando André Luiz por Tiago Morais no ataque, e o Rio Ave causou perigo pela primeira vez na segunda parte através de um cabeceamento de Olinho na área que passou por cima da trave (61′). Pouco depois, os vilacondenses conseguiram mesmo reduzir: Brandon Aguilera cobrou um livre direto em posição frontal, a bola desviou em Pavlidis na barreira e traiu Trubin (64′).
20.º ⚽ golo de Pavlidis esta época, o 10.º no campeonato
⚠Em 2025, Pavlidis marcou 13 golos em 19 jogos pic.twitter.com/cCL93zW67t
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O Rio Ave renasceu depois de chegar ao golo, subindo as linhas e passando mais tempo no meio-campo contrário, aproveitando também um golpe emocional claro que o Benfica sofreu ao conceder a redução da vantagem. Bruno Lage reagiu com uma tripla substituição, lançando Belotti, Renato Sanches e Aktürkoğlu, mas um erro acabou por complicar o jogo: Florentino recebeu à entrada da grande área, perdeu a posse de Clayton e o avançado, na cara de Trubin, não perdoou e empatou (75′).
A igualdade, porém, demorou cinco minutos. Numa transição rápida, Belotti abriu em Aursnes na direita, o norueguês colocou na área e Aktürkoğlu contornou o guarda-redes para atirar para a baliza deserta e recuperar a vantagem (80′). Já nada mudou até ao fim, com Clayton a ser ainda expulso nos descontos por acumulação de cartões amarelos, e o Benfica venceu mesmo o Rio Ave em Vila do Conde, mantendo-se a três pontos da liderança do Sporting com menos um jogo disputado do que os leões.
???????? FINAL | Rio Ave 2 – 3 Benfica
◉ 2ª parte empolgante caiu para o lado das águias, mas a incerteza foi a nota dominante
◉ #SLB superior até aos 60′, mas depois vacilou◉ 2ª derrota vila-condense em 25 jogos
◉ Ratings e Match Report em https://t.co/QZuwKyufuG#RAFCSLB… pic.twitter.com/iLrXohU4J2
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